perder


(para o caderno de cidades, de um jornal perto de você)

me dói o coração
saber que posso mais
te roubar
te matar
te fazer de usuário da fraqueza
é sua fortaleza que está em jogo
me estraga saber que posso tudo
menos
colocar em prática
o poema
de ofender
o texto das cidades
da verdade cruel do que somos capazes
me rasgo
e me extermino
contra
tudo
que sou capaz de saber
eu não quero saber disso tudo
para com isso
seja bom
seja

a
poesia
a minha mais cruel e surpreendente política
de golpear a dor

e meter a justiça
na própria palavra
se cuida
infeliz

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