ERRO - UM CONTO
A pequena e antiga história do contador chamado Qualquer Transcendental Inspiração
Existiu num tempo que transcende em um tempo contínuo um personagem-contador de histórias de acontecimentos superadores de problemas morais de um lugar, suas mudanças e suas personagens. Em uma de suas histórias, o contador sob a perseverança de atentos ouvintes, decidiu mais uma vez chamar a atenção curiosa de seus acompanhantes para comunicar sua novidade. As pessoas que já o consideravam digno de se ouvir e de certa forma o entendiam como 'profissional', se organizaram para mais uma vez se perder em suas mais extraordinárias constatações de lugares ainda inabitados pela imaginação. Ele sempre convidava, em uma espécie de convocação, para ser ouvido, para irmos numa praça onde o número de pessoas fosse calculado pela potência de voz que conseguisse fazer com que todos o escutassem. Esse contador de histórias nem mesmo tinha um nome, partido político, sexo, religião, endereço e coisas do gênero, mas sempre foi conhecido pelo nome-artigo indefinido Qualquer. A praça onde sempre reverbera suas histórias e onde são contadas se chamava feicipupi. Nessa praça, como já disse, feicipupi, as pessoas gostavam de lhe dar atenção, por um simples motivo, pela atenção transcendente de que as pessoas também exalam. Havia um perigo sempre, quando Qualquer decidia contar sua história, ela deveria ser ouvida, pois caso contrário, o tempo contínuo desapareceria. E já aconteceu. Terrivelmente aconteceu uma vez. As consequências foram desastrosas. Foram indeterminados momentos sem nenhuma inspiração. E nesses momentos jamais alguém soube explicar. Fora inventado por Qualquer a prevenção dessa falta de público. A razão. Mas havia efeitos que causados pela invenção da razão, traria, talvez, problemas mais terríveis que a própria falta de inspiração. O fim de Qualquer e o seu tempo. O seu tempo esse, que transcendia a memória. Para desestabilizar essa falta de esperança, Qualquer saiu à procura de explicação de sua inexpressividade frente à imensidão que garantisse a inspiração a qualquer preço. Em sua busca, Qualquer pesquisou suas raízes e descobriu que sempre foi usado depois de um substantivo e que a gramática condena o uso desse artigo indefinido no lugar de "nenhum" e que no Brasil essa prática é muito comum.
Qualquer pensou, - não tenho nada a contar, pela primeira vez não tenho nada a dizer. Essas pessoas todas, estarão a me ouvir, o que farei, fugirei e jamais voltarei a chamar atenção desses pobres e promovidos corações. São tão audaciosos, como podem esperar de mim se agora não tenho nada a oferecer? Irei, já está marcado, como sempre, algo criarei, mesmo que esse seja o meu fim. Não. Um começo. Criarei um erro, para o tempo que se findou sem ao menos eu saber o porquê. O tempo não existe, é uma invenção para o sentimento de aceitação, não existe contador, há Sartre, Descartes e Renato Aragão.
Assinado
Qualquer Transcendental Inspiração - objeto da consciência transcendente de ego da consciência criadora de sempre
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