Carta via Geraldi
Quero aqui dizer. Quando
encontrei a arte na minha vida, decidi então ser artista. A principal sensação
que tive nesse encontro foi um despertar, alguma coisa em mim que estava
contida e que sem nenhuma pressão foi libertada. Arte faz gostar mais da gente
mesmo. Faz das horas um lugar mais aconchegante para se viver. A arte tem um
poder incrível de sancionar as leis mais libertadoras que se pode imaginar. Ela
flui na linguagem e fomenta a imaginação. Parece-me que a arte não tem uma
função específica, porém ela pode te fazer mais suave e mais robusto nas
decisões do dia a dia. Ela te dá um tempo a mais para as decisões mais
difíceis.
A arte tem sofrido ataques de
empresas, de governos, de autoritarismo distribuído, de padronização, de protecionismo,
de ofensas determinadas a magoar o maior número possível de pessoas. A arte tem
sofrido ataque da definição do que é ser arte. Ela tem sofrido muito quando não
pode ser exercida nas ruas, em casa, no fundo de casa. Nos hospitais. Nos
quintais. A arte tem sofrido com as negociatas para enfiar “guela abaixo” qual
artista deve tocar no rádio e qual deve aparecer na televisão ou na Netflix. A
arte tem sofrido ataques constantes de cidadãos que impõem a sua música acima de
quaisquer decibéis.
Arte está na praça, sendo alvo do
julgamento mais severo que poderíamos propor. Ela está sendo criminalizada por
argumentos mais falaciosos e sem provas que a lógica do homem já inventou. A
arte vai ser injustamente oficializada como a expressão do ser humano, como
peça de um jogo bobo da natureza atrasada que o ser humano é, sim, manipulador
por talento. A arte está em sua fase de
hibernação. A arte é urso, cobra e demais animais que dormem depois de comer. O
homem perdeu a capacidade de desenvolvê-la. Contudo, há esperança, queridezas.
E ela é uma célula em cada estilo musical. Em cada filme, em cada peça de
teatro, em cada coração, em cada falta, em cada universo paralelo e multi.
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